quarta-feira, 17 de junho de 2009

Ainda são pitangas

Mãos nervosas, loucas, manchadas de vermelho comprimiam um peito sufocado de tanta angústia e opressão. Vontade de arrancar aquele sentimento de fraqueza que teimava em apagar seus dias, tornar a vida um verdadeiro inferno.
Razão! Gritava uma voz que vinha lá de dentro da mente.
Fraco! Demente! Até quando irá tua covardia diante das pessoas, do mundo que te cerca? O que pensas que estás fazendo com tua vida? Hipócrita! Acha que com mentiras, soberba chegará a algum lugar? Não passa de um verme nojento e pequeno que tenta da forma mais vil intimidar até mesmo aqueles a quem diz amar.
Isso nobre senhor! Grite covarde, pensas que pode fazer sofrer sem que um dia não tenhas que pagar por seus erros? Humilhe, jogue palavras ao vento, ofenda, não pense que nasceu de uma mulher, que tem um pai, filhos, esposa. Continue, acredite que fazendo pouco dos outros estará galgando uma escada de sucesso. Vamos caro senhor, não pense que um dia as lágrimas que faz rolar em rostos alheios não irão também cobrir os olhos de teus filhos.
Mãos vermelhas agora passam por um corpo dobrado e nu, de um homem sem razão e só. Humilhado, cercado de nada. Homem de má fé, egoísta e fraco que com garras de veneno feriu muitas pessoas, umas inocentes, outras nem tanto, muitas merecedoras. Mas não importa, julgar a ti não cabe. Pobre humano, inteligente e estúpido, um rei sem trono, sem verdade, incapaz de respeitar.
Agora chora diante da morte, como um débil agoniza triste, sem saber o que fazer diante do espelho que reflete um rosto bonito, de olhos verdes e profundos, que buscam por atenção, carinho, respeito, valor. Cretino! Quem pensa que é para pedir sentimentos tão nobres, nunca foi nobre, como pode querer consideração, meu caro?
Fecha tuas mãos vermelhas, deita no chão e tenta voltar à razão. Idiota! Ainda é tempo, reflita só um pouquinho, sente, cheire tuas mãos secas e verá que ainda não tem sangue nelas, mas sim pitangas esmagadas.
Tolo! Pensa que é rei, mas não passa que um reles idiota, que fazes rir os ignorantes e os vermes como tu.
Pitangas, meu caro, ainda são pitangas.

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